quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

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Vou embora. Sou uma borboleta.
Não, não é.
Sou uma borboleta!
Não!
Escuta, eu te deixo ser, deixe-me ser então, disse Lispector.
Mas você é responsável por aquilo que cativas, disse a Raposa.
Não, eu vou embora. Se você insiste em ser um peixe, eu nada posso fazer a não ser admirá-lo de longe e isso não é suficiente para mim. Borboletas não vivem em aquários, você não pode me afogar aí dentro. Preciso ir.
Por favor, não me deixe! Você pode aprender a ser um peixe.
Mas se leva muito tempo para se tornar o que queremos ser, e o tempo é curto, disse Shakespeare. Sou uma borboleta e eu gosto de ser assim. Não estou exigindo que você viva fora dágua, respeite-me também.
Talvez eu deva tentar ser uma borboleta...
Seja o que você quiser, nada vai mudar o meu amor por ti. Mas se quiser viver comigo, terá que voar até o céu e isso não é nada fácil para um peixe. Pense bem, e só então me procure.
Adeus.

Peixes fora d'água, borboletas no aquário...

... Não quero que mude por mim, não quero que faça sacrifícios, não quero nada forçado. Isso mata o amor, mata o respeito e eu perco você. Quero apenas que me ame, seja como for e onde for. Pra sempre. E só.

* Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina? Por que o mar não se apaixona por uma lagoa? Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar... (O Teatro Mágico)